Nesta sexta-feira um áudio de uma delação enviada a Polícia Federal foi divulgado e nele está o registro de um repasse que gira em torno de R$ 2 milhões da construtora Odebrecht à Andres Sanchez, então presidente do Corinthians.
As gravações foram entregues à PF por um doleiro que está colaborando com as operações da Lava Jato. Nela o diretor Administrativo do Corinthians, André Luiz de Oliveira, estava conversando em 2014 com um dos operadores, alegando que haveriam duas entregas de dinheiro da Odebrecht em um apartamento localizado no Tatuapé, São Paulo.
Este André foi apontado por delatores da Odebrecht como um intermediário entre os repasses de caixa 2 ao ex-deputado federal pelo PT e atual presidente do Corinthians, Andrés Sanchez. Na planilha de pagamentos de propinas da Odebrecht ele era tratado pelo codinome Timão.
Operação Lava Jato
Tanto André Luiz como Andrés Sanchez estão sendo investigados através de um inquérito que está sob segredo de justiça no Tribunal Regional Federal da 3ª Região TRF-3.
Os pagamentos suspeitos ao presidente do Corinthians foram feitos por Antonio Roberto Gavioli, então diretor de contratos na Odebrecht Infraestrutura. Era ela que estava devidamente responsável pela execução da obra na Arena Corinthians.
O documento relata diversos pagamentos ilícitos relacionados à construção do estádio, que teve um custo total de R$ 1,1 bilhão. A Arena Corinthians foi inaugurada em 2014, pouco antes da Copa do Mundo, recebendo o jogo de estreia na competição internacional.
Os áudios foram gravados em 2014, nos meses de agosto e outubro, através da equipe do doleiro Álvaro José Novis, o responsável pela coordenação de pagamentos ilícitos da Odebrecht no estado de São Paulo e no Rio de Janeiro.
José Novis fechou um acordo de delação com a Polícia Federal, logo após a sua prisão em 2017. Todas as conversas de sua corretora de valores foram entregues na operação Lava Jato, onde os arquivos estão sob total sigilo, sendo a principal fonte de provas relacionadas a outras delações da Odebrecht.
Nestes áudios em específico, André Negão, como era conhecido, estava conversando com Márcio Amaral, funcionário de confiança do doleiro Novis. Ele era encarregado de agendar as entregas de dinheiro através de um cronograma pré definido pelo Departamento de Operações Estruturadas, o escritório de propinas da Odebrecht.
O que diz a defesa de Andrés Sanchez?
Segundo o advogado de defesa do presidente do Corinthians, não há uma única menção do nome do presidente nas gravações, onde o mesmo reitera que não foi pedido nenhum dinheiro à Odebrecht.
Com relação aos áudios, ele avalia que não ouve o nome de Andrés e que apenas escuta a voz de André Luiz. Segundo o advogado não é possível relacionar uma gravação com uma planilha, onde Andrés nunca autorizou ninguém a pedir ou receber nada em seu nome, principalmente através da Odebrecht.
O advogado irá solicitar que os áudios sejam submetidos a uma perícia.
Ele termina citando que o caso já foi citado outras vezes e que esse alarde não passa de “matéria requentada”.