Na manhã desta segunda-feira (29/07) o presidente Jair Bolsonaro disse que um dia irá contar ao presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, como o seu pai desapareceu na ditadura militar, se este for o seu desejo.
Bolsonaro relata que Felipe não vai querer saber qual a verdade sobre o pai, Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira, que desapareceu durante o período da ditadura militar que durou até 1985, e até hoje não se sabe sobre o seu verdadeiro paradeiro.
Mas porque destas declarações?
Bolsonaro comentou isso juntamente com a declaração sobre o desfecho do processo judicial que considerou inimputável o autor da facada durante a campanha eleitoral, Adélio Bispo. Juntamente com os comentários, o presidente disse:
“Um dia se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, eu conto para ele. Ele não vai querer ouvir a verdade. Eu conto para ele…”
“Não é minha versão. É que a minha vivência me fez chegar às conclusões naquele momento. O pai dele integrou a Ação Popular, o grupo mais sanguinário e violento da guerrilha lá de Pernambuco, e veio a desaparecer no Rio de Janeiro …”
Bolsonaro criticou a atuação da OAB sobre o caso de Adélio Bispo e indagou sobre qual era a intenção da entidade, pois o seu ato acabou impedindo a Polícia Federal de acessar o telefone de um dos advogados do autor da facada.
O presidente então disse que não recorreu sobre a sentença porque como Adélio foi considerado com problemas psiquiátricos, será “considerado maluco até morrer” e estará preso em um manicômio judicial.
Desaparecimento
O pai de Felipe Santa Cruz integrou o movimento estudantil e participou da Juventude Universitária Católica (JUC), um dos movimentos da Igreja Católica que é reconhecido pela hierarquia eclesiástica. Logo após isso seu pai veio a integrar a Ação Popular (AP), uma organização que era contra o regime militar.
Então Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira acabou desaparecendo em 1974, logo após um encontro no Rio de Janeiro com um colega militante, Eduardo Collier Filho. Ambos segundo um livro produzido pelo governo, foram presos em Copacabana por agentes do DOI-CODI-RJ, no fim do mês de fevereiro.