Já imaginou uma empresa com um faturamento de R$ 80 bilhões por ano? Esta é a proposta da fusão da BRF e Marfrig, onde o objetivo é criar uma gigante global nos próximos 90 dias. As negociações entre as empresas já estão caminhando e é bem provável que neste segundo semestre, veremos esta fusão.
Toda estrutura desta sociedade ainda não está definida, mas as negociações devem considerar a média das ações de ambas as marcas nos últimos 45 dias. Em um primeiro momento os acionistas devem ficar com 85% da empresa gerada a partir da fusão e os sócios da Marfrig, que deve ser a empresa incorporada ao negócio, com os outros 15%.
A fusão foi anunciada após o fim do expediente das bolsas, mas em Nova York a informação foi bem recebida. As ações da BRF (ADRs) acabaram subindo mais de 6% somente ontem. Todas as negociações da BRF devem ser feitas pelo banco Citi e a J.P. Morgan irá ficar do lado da Marfrig, prestando as devidas questões de assessorias.
É preciso ainda esperar a aprovação do BNDS e dos fundos de pensão Previ e Petros, que são os acionistas principais da Marfrig e BRF respectivamente.
Namoro antigo
A BRF e a Marfrig já contam com histórias juntas. Em 2018 a Marfrig comprou da BRF uma fábrica de hambúrguer em Mato Grosso e uma empresa argentina conhecida como Quickfood. Com estas duas negociações a Marfrig iniciou o processo de fabricação dos hambúrgueres Perdigão e Sadia.
Fim de uma era, o início do futuro da BRF
Este anúncio foi feito após o fim da liderança de Pedro Parente, onde neste mês de junho irá deixar o cargo de CEO para ficar como presidente do conselho de administração. A CEO será destinada à Lorival Luz, vice-presidente do executivo da empresa.
Caso seja confirmada a fusão com a Marfrig, será preciso criar uma empresa com um modelo de negócio semelhante a JBS, pois atualmente a BRF está com uma estratégia um pouco defasada, não trazendo nem de perto os 180 bilhões de reais que a sua principal concorrente gera anualmente.
A estratégia será diversificar os produtos pelo mundo e ter uma alta gama de negócios através da comercialização de carne bovina, frango e suína.
Na Bolsa de Valores a BRF tem seus papeis negociados a um múltiplo próximo das 10x, onde os da Marfrig próximo das 5x. Hoje a BRF fatura 10 bilhões de reais a menos que a Marfrig, porém na bolsa a empresa dona da Sadia e Perdigão, vale no mínimo quatro vezes mais. Em números a BRF chega próximo dos R$ 24 bilhões de valor de mercado, enquanto a Marfrig fica próxima dos R$ 4 bilhões.
Ambas precisa se recuperar de um passado “sombrio”, onde empresas como a Seara, trouxeram prejuízos para a marca sendo necessário a venda para a JBS, que hoje administra muito bem a produção.
Mas 2018 foi marcado por boas negociações para a Marfrig, onde além das aquisições com a BRF, também passou a integrar os ativos de uma subsidiária da Tyson Food dos Estados Unidos, a Keystone. O foco é com a BRF elevar os índices de mercado em um patamar que possa competir com a JBS.