Inaugurado há pouco mais de uma semana, o Centro de Comercialização da Agricultura Familiar e Solidária – também conhecido como Mercado Público de Santa Maria – ainda não é tão popular quanto o de Porto Alegre (durante a meia hora que lá ficou a reportagem do Jornal A Razão, cinco pessoas visitaram o local), mas a expectativa é que dentro de dois meses o quadro mude. “Ainda estamos operando com voluntários e com vendas baixas, sufucientes para cobrir taxa de manutenção de R$3 mil. A situação é assim porque temos apenas uma semana de funcionamento”, afirma Leomar Pydd, 48 anos, agricultor e vice-presidente da Cooperativa Central de Desenvolvimento Rural de Santa Maria (Coopercedro).
Criado como um local para o escoamento e incentivo à agricultura familiar, o Mercado (localizado na Praça Saturnino de Brito ao lado da pracinha) vende itens produzidos por famílias de Santa Maria e região como: mel, amendoim, erva-mate, feijão, frutas, verduras, salame, vinho, verduras, panificados e artesanato. Com o aumento das vendas, ao longo do tempo, a previsão é de que o estoque e a variedade de artigos oferecidos aumente, segundo Leomar. “Ainda temos dificuldades com alguns produtos que têm prazo de validade, não são vendidos e voltam para o produtor, por isso ainda não aumentamos as vendas. Nosso objetivo não é o lucro, e sim, a geração de renda para a agricultura familiar”, diz o vice-presidente.
O Mercado não é o único ponto de venda para os produtos de pequenos agricultores: a coopercedro também negocia com mercados grandes como o Carrefour, restaurantes e tem outras cooperativas como aliadas. “Além desses negócios, que são os maiores que temos, estamos começando uma parceria com a Economia Solidária, da irmã Lurdes Dill e as cidades que fazem parte da cooperativa recebem os produtos de Santa Maria. O vinho que vendemos aqui, por exemplo vem da produção de 23 famílias de Garibaldi, a erva vem de 42 familias de Getúlio Vargas e nossos produtos estão lá também”, exemplifica Leomar.
Diferencial – Para os consumidores que a equipe de A Razão entrevistou, o principal diferencial do Mercado Público foi o baixo grau de agrotóxico nos produtos. “O preço não é muito diferente dos mercados, mas acredito que os produtos tenham menos agrotóxicos e, por isso, sejam mais saudáveis”, afirma o casal Cláudio e Melissa Gularte. De acordo com Leomar, alguns produtos têm selo com a garantia de serem orgânicos, outros não, mas “sai mais em conta para o produtor usar menos agrotóxico, cujo preço tem subido”. Já o preço é explicado por ainda não haver um grande estoque: “quando aumentar o estoque e a variedade poderemos diminuir os preços”, prevê Leomar.
Onde fica?
Praça Saturnino de Brito, ao lado da pracinha.
O que vende?
Mel, vinho, suco de uva, salame, mandioca descascada, artesanato (como panos de cozinha por R$12 em média), bolos caseiros e bolachas de sabores como polvilho e manteiga (preços variam de R$2 a R$4 por 300g), frutas, verduras e legumes (um maço de cenoura, por exemplo, custa R$1,40 e o quilo do tomate R$2,17). Arroz e feijão também são vendidos e este último custa R$3,95 o quilo.
Compro aqui porque é um produto com pouco veneno e assim ajudo os pequenos produtores, apesar do preço não estar assim tão baixo.
Ivo Anvonese, 65 anos, advogado
É a segunda vez que compro aqui porque é um produto de boa qualidade e ainda apoio os pequenos produtores. O preço também está em conta
Vilson Dias, 45 anos, autônomo
Economia solidária vai à votação
O projeto de lei Nº6941/2007, de autoria do Executivo, que institui o Programa Municipal de Apoio e Fomento à Economia Solidária será votado hoje na Câmara de Vereadores. O objetivo do programa é criar ou ampliar oportunidades de trabalho e acesso à renda, através de empreendimentos cooperativados e autogestionários, organizados de forma coletiva e participativa, pelos próprios trabalhadores.
A iniciativa visa permitir o incentivo ao desenvolvimento de novas atividades econômicas, proporcionando uma distribuição mais justa e eqüitativa da renda e estimulando as relações sociais de produção e consumo, baseado na cooperação, na solidariedade, na satisfação, valorização do seres humanos e meio ambiente.
Para participar do programa, os empreendimentos têm que atenderem alguns critérios gerais, tais como: contar com, no mínimo, cinco trabalhadores associados; ter como objetivo o domínio do processo produtivo; limitar a contratação de trabalhadores não associados, quando necessária, no máximo 5% do total de trabalhadores associados; desenvolver atividades econômicas organizadas coletivamente, entre outras. A lei entrará em vigor na data de sua publicação.