Certamente já ouviu em algum meio de comunicação sobre algum caso de fraude de alto nível. Os vigaristas infiltraram-se e multiplicaram-se em muitas corporações, desde Silicon Valley até grandes centros financeiros como Wall Street.
Muitos dos desvios de fundos são efetuados por empresários de colarinho branco com reconhecida solvência moral, os quais incorrem em delito arrastados sob pressão financeira. Mas qual é a razão exata pela qual uma pessoa normal comete uma fraude?
Muitos exemplos emblemáticos de fraude podem ser mencionados em todo o mundo, mas ainda assim os investigadores continuam com os estudos sobre as razões pelas quais um indivíduo comete este tipo de crime.
O Dr. Muel Kaptein da Rotterdam School Of Management apresentou numa das suas publicações alguns dos motivos que levam as pessoas moralmente solventes a realizar ações consideradas como fraude e que podem ser penalizadas.
Visão de um túnel
Concentrar-se completamente num objetivo pode fazer com que as pessoas cometam fraudes graves. A empresa Enron ofereceu a seus empregados grandes recompensas por atrair vendas, mas se centraram tanto neste objetivo que não tomaram em conta as repercussões morais e a rentabilidade das mesmas, o final da história já todos a conhecem.
Uso de apelidos
O uso de apelidos serve para que as pessoas se escondam para evitar serem questionados ou culpados por ações ilícitas, trata-se de que ao sentirem-se como peças quantificáveis dentro de uma empresa não assumem responsabilidades e compromissos.
Teoria do vínculo social
Se as pessoas não se sentirem identificadas com os objetivos da empresa nem há qualquer sentimento de pertença, há grandes probabilidades de cometer fraude, roubos ou danos à companhia.
O efeito de Galatea
Pessoas com alta autoestima têm menor probabilidade de cometer crimes ou atos imorais dentro de uma empresa, enquanto os empregados que se consideram a si mesmos determinados pelo ambiente, E aqueles que tomam decisões segundo o que outros dizem têm mais probabilidades de romper as regras, já que não assumem as responsabilidades como próprias.
A pressão do tempo
Quando as pessoas têm pouco tempo para chegar a algum resultado a pressão pode fazer com que no caminho se desviem de seus princípios morais.
Aceitação de pequenos roubos
As empresas têm um inventário variado, como papelaria, papel higiênico, sabonetes pequenos, canetas esferográficas, e muitos outros insumos. Muitos dos empregados levam esses itens para casa em sua bolsa, essas ações passam despercebidas, mas mais cedo ou mais tarde as pessoas passam de levar algo pequeno a fraudes de alto nível.
Os sentimentos de Injustiça
Se alguém não se sente valorizado em uma empresa por seu desempenho pode comportar-se de uma maneira pouco ética, especialmente se existem discriminações e preconceitos dentro da organização. Os sentimentos de injustiça e inveja induzem a cometer delitos.
Consumismo
Tem-se demonstrado que em ambientes luxuosos as pessoas se tornam mais egoístas, o que leva a ações imorais. Os empregados que veem tudo o que não têm e percebem a iniquidade podem sentir ciúmes, razões que podem levá-los a realizar atos fora da justiça.
O efeito de Pigmalião
Ver o empregado como um suposto ladrão ou suspeito em forma constante exerce influência em seu comportamento, ao estigmatizar o trabalhador como um delinquente há grandes probabilidades que acabem cometendo um delito.
Teoria da reactância
Os excessos não são bons, isto também se aplica às “regras”, já que se as regras forem consideradas autoritárias ou despóticas serão rejeitadas e podem dar lugar a um efeito contrário ao esperado.
Obediência às autoridades competentes
Nossa cultura é baseada em relações de autoridade, quando alguém ocupa um posto de trabalho de alta hierarquia pode fazer que seus subalternos realizem algo inadequado, além disso, o receio das consequências de uma recusa que pode levar a retaliações ou a perda do cargo fazem com que um empregado incorre em delito.
Os efeitos do poder
Os corruptos estão sujeitos ao escárnio público, no entanto pôde-se comprovar que quando se dá excesso de poder a uma só pessoa pode chegar a implementar normas que outros devem cumprir, e pensar que as regras são para os outros e não para eles.
A teoria da janela quebrada
A anarquia e a falta de autoridade numa empresa podem abrir caminho a crimes graves. Esta ausência de ordem faz com que as pessoas aproveitem o vazio para romper com a legalidade.
O problema da libertinagem
Os costumes positivos de um coletivo podem ter efeito contrário, alguns indivíduos pensam que se ninguém mais roubar algo da empresa não se darão conta de seus pequenos delitos, ou seja, podem passar despercebidos.
Vencedor contundente
Se o jogo financeiro já estiver definido, poderá surgir a armadilha para sanar as perdas económicas e de reputação. As pessoas com maior probabilidade de fazer batota são aquelas que estão mais perto da meta mas estão conscientes que não chegarão ao objetivo.
Racionalização
Para algumas pessoas a argumentação serve de justificação ante a prevalência do delito. Isto acontece com pessoas com moral que se veem envolvidas numa tentativa de fraude, começam a tentar convencer-se a não se sentirem imorais.
Sanções económicas
A aplicação de multas e outras sanções pecuniárias quando são cometidos atos contrários à lei pode conduzir a comportamentos inadequados. Ao pronunciar uma sentença com conotação económica perde a sua conotação moral, ou seja, não se discute se a ação esteve bem ou mal, tudo se limita a saber se se tem ou não a possibilidade económica de pagar ou não a possível multa.
Pressão do mercado e dos acionistas
Em 2007 o mercado de compra sofreu um colapso, mas meses antes os acionistas estiveram mergulhados em uma pressão intensa. Estas tensões surgiram para que os empresários e gestores assumissem riscos e desta forma conseguir obter grandes lucros apesar da evidente bolha do mercado.