A Google acaba de lançar uma nova funcionalidade em seu aplicativo Arts & Culture para a tradução de hieróglifos do Antigo Egito, baseada em uma inteligência artificial com capacidade de aprendizado (o que se chama de “machine learning”). Além de permitir a tradução de textos de milênios de idade, o usuário também poderá converter suas próprias palavras, e até mesmo emojis, em hieróglifos para compartilhar com os amigos.
A ferramenta de nome Fabricius se utiliza de uma inteligência artificial para dar sentido aos símbolos da escrita milenar da civilização egípcia. Graças ao processo de “machine learning”, a tendência é que o programa fique cada vez melhor quanto mais pessoas o utilizarem.
Vendendo o peixe
Além da ferramenta destinada para o uso popular, a Google também lançou uma versão da Fabricius para computador, com o objetivo de auxiliar egiptólogos, antropólogos e historiadores profissionais em suas pesquisas. Apesar de apreciar a iniciativa, um entendido no assunto pede prudência na avaliação do “peixe” da Google.
“Mesmo impressionante, não está ainda no ponto em que possa substituir a necessidade de um profissional altamente treinado na leitura das inscrições antigas”, disse o Dr. Roland Enmarch, um veterano professor de egiptologia na Universidade de Liverpool.
Ele prossegue adicionando que há uma incrível dificuldade em decifrar os hieróglifos, tendo em vista que, feitos à mão durante centenas de anos, há uma grande variação nos símbolos, até mesmo de escriba para escriba em um nível individual.
“Ainda assim, é um passo no caminho”, acrescentou.
Potencialidades
O software tem uma série de funcionalidades que tem um potencial de ajudar no progresso da egiptologia. Por exemplo, os usuários podem enviar suas fotos de hieróglifos verdadeiros em artefatos e melhorar a imagem digitalmente. Além disso, é possível que os usuários reforcem os contornos dos símbolos para obter resultados mais precisos, por meio do acesso a uma base de dados que a Google pretende que a própria comunidade expanda com o tempo.
Coincidentemente, o lançamento da ferramenta se deu no dia do aniversário da descoberta da Pedra de Roseta, um artefato importantíssimo contendo traduções do egípcio antigo para o grego, que possibilitou a leitura dos hieróglifos pela primeira vez.