A Alemanha deve ampliar suas regras de auditoria e contabilidade para evitar a ocorrência de outro golpe bilionário como o da Wirecard, de acordo com o presidente do Bundesbank, Jens Weidmann.
A empresa de pagamentos Wirecard entrou com pedido de falência no mês passado, após admitir que 1,9 bilhão de euros supostamente alocado em contas no exterior provavelmente não existia.
Em entrevista a um jornal publicada nesta segunda-feira (27), o presidente do Banco Central alemão quer alterar as regras para prevenir escândalos dessa mesma proporção.
Billions
“Wirecard é um escândalo, e nós devemos fazer mais para prevenir isso no futuro”, disse o técnico ao grupo de mídia Funke.
Ele afirmou que as autoridades alemãs devem dar mais força a regras e procedimentos, especialmente no que diz respeito a auditoria e contabilidade.
“Por exemplo, o processo de auditoria e as tarefas, poderes e responsabilidade de auditores devem ser reconsiderados”, acrescentou, destacando que auditores deveriam ser capazes de investigar melhor relações de negócios internacionais.
Na semana passada, promotores prenderam Markus Braun, o executivo-chefe da Wirecard, juntamente com outros ex-executivos, sob a suspeita de orquestrarem um esquema criminoso de longa data.
A acusação é de que um esquema de ocultação de prejuízos permitiu à empresa emprestar 3,2 bilhões de euros por enganação de credores, um dinheiro que a essa altura já deve ser sumido do mapa.
Redução de danos
O ministro da Finança Olaf Scholz propôs, na sexta-feira (24), um apertamento da fiscalização financeira das companhias, com o intuito de se adiantar a críticas parlamentares acerca da falha dos reguladores que possibilitou uma fraude dessas, de proporções inéditas.
Nessa toada, Scholz apressou uma agenda de reformas que daria à autoridade fiscalizatória BaFin grandes poderes investigativos e de enforcement, bem como ampliar sua competência à fiscalização de atividades não-bancárias.
A proposta ainda prevê aumento de penalidades a auditores negligentes.
O plano de Scholz foi divulgado antes de uma audiência a portas fechadas com o comitê financeiro do parlamento alemão, agendada para esta quarta-feira (29).
Parlamentares de oposição devem cobrar tanto Scholz quanto Peter Altmaier, o ministro da Economia, quanto à falha das instituições alemãs em não apurarem suspeitas de anos acerca da Wirecard, amplamente divulgadas na imprensa.