Para muitos moradores de Camobi, o bairro é como se fosse uma cidade. Para quem vem da Quarta Colônia, é maior e mais populoso que suas cidades. Já para aqueles que moram nas demais localidades, Camobi é sinônimo de Universidade Federal de Santa Maria e de Base Aérea de Santa Maria. A novidade, divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), é que Camobi ultrapassou o Centro em número de habitantes. Hoje, há 21.822 camobienses, população equivalente à de São Sebastião do Caí e de pelo menos outros nove municípios gaúchos.
À exceção do Centro, Camobi é o único bairro que tem infraestrutura completa, com prestação de serviços em saúde, educação, alimentação, bancos, imóveis, entre outros. O comércio do bairro está em expansão. Lá, existem centros comerciais, lojas de roupas, calçados, acessórios, eletrônicos, informática, telefonia, bancas de revistas, presentes, floriculturas, ferragens e material de construção. Para muitos, é um bairro autossuficiente.
A autonomia do bairro faz com que o empresário Valnei Beltrame vá ao Centro apenas duas vezes por semana, quando tem compromissos agendados. Durante os demais momentos, o diretor da Walter Beltrame Materiais de Construção, empresa criada há 30 anos, encontra tudo o que precisa em Camobi. “Fico quatro a cinco meses sem caminhar pelo Calçadão”, afirma. De acordo com Beltrame, o comércio do bairro é forte e autônomo. “Camobi caminha sozinho”.
Se antes os clientes reclamavam que a loja era longe da região central, agora, conforme pesquisa feita pelo estabelecimento, a realidade é diferente. “Hoje, gostam porque tem até estacionamento”, comenta. Para ele, no entanto, há questões que podem melhorar, como o acesso pela ERS-509. “A não duplicação tem atrapalhado muito. Tem filas imensas”, reclama. Um dos problemas causados pelo constante tráfego de veículos é a demora para chegar até o destino. Beltrame diz que os caminhões que trazem mercadorias até a loja levam 50 minutos para vir do Distrito Industrial.
Além de grandes lojas, as ruas do bairro são repletas de negócios familiares. Um mercado na Avenida João Machado Soares pertence à família do estudante Eduardo Denardin, 19 anos. O jovem garante que o estabelecimento gera bastante movimento de clientes locais e de outras regiões da cidade. No mercado, instalado há 20 anos, é possível encontrar todos os tipos de produtos, desde alimentos até chinelos e material escolar. Encontra-se “um pouquinho de cada coisa”, explica.
Segundo Denardin, que estuda Economia na UFSM e se prepara para assumir os negócios da família, o bairro é um dos mais tranqüilos. Porém, a única queixa é a falta de opções de lazer, como boates, que são encontradas no Centro.