Cerca de 5 mil fiéis enfrentaram a chuva e participaram ontem da procissão de Corpus Christi.
Embora a chuva tenha ocasionado a desistência de muitas pessoas, os cerca de 5 mil fiéis, protegidos por seus respectivos guarda-chuvas, formavam um belo quadro no momento em que a chuva começou a cair com mais força, quando a procissão de Corpus Christi chegava ao Santuário da Medianeira. Por causa do tempo, a celebração eucarística foi realizada no interior da Basílica Nossa Senhora da Medianeira, que ficou superlotada, sendo que algumas pessoas tiveram que assistir à missa do lado de fora.
A lamentação geral de clérigos e fiéis foi em relação aos tradicionais tapetes feitos todo ano especialmente para a celebração de Corpus Christi, que não puderam ser utilizados em razão do mau tempo. Mesmo assim, antes de entrar na igreja, muitas pessoas fizeram questão de caminhar por cima dos tapetes, beijando-os e rezando sobre eles.
De acordo com o padre Bertilo Morsch, os cerca de 250 metros de tapete foram confeccionados na manhã de ontem com a ajuda de aproximadamente 70 voluntários, entre os quais integrantes de seis escolas e duas congregações religiosas. Os tapetes de dois metros de largura são feitos basicamente de serragem, papel, tinta e flores. Sobre eles são pintados símbolos católicos e eucarísticos, incluindo palavras e mensagens.
Segundo a organização, a chuva afugentou muitos dos tradicionais participantes da procissão, em grande parte idosos. “Se não tivesse chovido, certamente nós teríamos mais de 20 mil pessoas na procissão”, diz o padre Sílvio Weber. Se não tivesse chovido, a celebração teria sido realizada no altar-monumento do Parque da Medianeira. A procissão saiu do Hospital de Caridade Dr. Astrogildo de Azevedo, passando pela Rua Barão do Triunfo.
“Independente da religião que a gente siga, o importante é ter fé. O nosso mundo é tão injusto, tão desumano, há tanta corrupção, tanta violência, então a gente tem que se basear em alguma coisa, acreditar em Jesus, para viver, conseguir trabalhar e sobreviver”, diz a bióloga Marcia Teripolli, de 28 anos.
O bispo diocesano Dom Adelar Rubert vinha dentro de um baldaquim (espécie de liteira coberta), junto com o Cristo Eucarístico, hóstia em tamanho ampliado que representa o ritual da Eucaristia. Antes dele vinha um caminhão de som. Os fiéis acompanhavam as canções e orações que saíam dele. Na ocasião houve arrecadação de agasalhos e alimentos.
Na missa não faltaram hóstias para afirmar a presença do corpo e do sangue de Jesus Cristo no sacramento da Eucaristia, base da fé católica. A celebração de Corpus Christi nasceu da vontade dos católicos de reafirmar sua fé na presença de Cristo na hóstia consagrada. Na Idade Média e início da Era Cristã, hereges punham em dúvida este princípio. O papa Urbano IV publicou no século XIII uma bula condenando este posicionamento e, conseqüentemente, criando a celebração de Corpus Christi, que em latim quer dizer “corpo de Cristo”.