No final desta terça-feira (20/08) o comandante do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) que faz parte da Polícia Militar do Rio de Janeiro, Maurílio Nunes, informou que foi o responsável por dar o sinal verde para um abate do sequestrador do ônibus na Ponte Rio-Niterói, caso fosse necessário.
Ele informou que a negociação é a principal estratégia para encerrar as ações criminosas com reféns, onde cerca de 90% dos casos são solucionados através dos negociadores. Não há a necessidade de atiradores de elite e toda uma mobilização.
Mas no caso de ontem foi necessário utilizar este recurso pois o perfil traçado por um psicólogo sobre o criminoso, não colocava um desfecho claro quanto as suas intenções, o que poderia terminar na morte de um dos reféns.
Nesta terça-feira, Willian Augusto da Silva, de 20 anos, foi morto por seis tiros dos atiradores de elite. Logo após o abate, 39 reféns foram libertados sem qualquer ferimento. As negociações duraram cerca de 3h30.
Família do sequestrador de ônibus na ponte Rio-Niterói pede desculpas.
Bope busca sempre as negociações
O Tenente-coronel Nunes disse que desde os anos 2000 não perde um refém, onde o último caso foi durante o sequestro do ônibus 174, quando bandido e refém foram mortos. “-Neste caso houve a necessidade de passar da negociação real para uma negociação tática”.
Uma negociação tática significa que os atiradores de elite passam a ter sinal verde para disparar contra o criminoso assim que houver uma oportunidade que não coloque em risco a vida de outras pessoas.
O caso evoluiu para uma ação tática porque em certos momentos ele amedrontava as vítimas, dizendo que ia matar 10 pessoas se não entregasse uma quantia em dinheiro. Depois dizia que iria se jogar da ponte com um dos reféns. Então ao ser identificado o risco de vida para os reféns, houve a mudança de estratégia.
A dificuldade de estabelecer uma ligação confiável com o sequestrador, pois ele não apresentava um objetivo claro para o sequestro, foi o motivo da ordem de mudança na operação.
“-Ele não tinha uma linha definida, uma hora pedia dinheiro, outra hora disse que iria se jogar da ponte e outra disse que iria queimar o ônibus. Não houve um padrão para poder estabelecer um vínculo de negociação. Então ficou definido que durante a melhor oportunidade os atiradores estavam autorizados a efetuar o disparo para salvar aquelas vidas…”
Segundo o tenente-coronel, as ações de Willian indicavam um possível suicídio. Esta linha foi definida por um psicólogo, que tratou o sequestrador com um perfil psicótico.