Dia 24 de junho é conhecido como Dia Mundial do Disco Voador. Mas esses objetos vistos são mesmo naves de outros planetas?
Na última quinta-feira o Jornal A Razão publicou uma reportagem sobre o Museu Internacional de Ufologia, localizado em Itaara. Seu idealizador, Hernán Mostajo, afirma que o museu reserva espaço para documentação de possíveis visitas de seres de outros planetas. Porém, para ele, e também para a ciência, é tudo muito difícil de se provar. Aliás, não há registro comprovado cientificamente de que um disco voador tenha estado em nossa Terra.
O dia que instigou milhões de pessoas no mundo todo a ficarem olhando para o céu em busca dos famosos riscos de luz que voam em zigue-zague tem origem americana e faz referência ao aviador Kenneth Arnold, que, neste mesmo dia, em 1947, voava próximo ao Monte Rainier, no estado de Washington, nos Estados Unidos, e teria avistado nove objetos estranhos voando pela região. E, segundo ele, os nove pontos de luz se moviam de uma forma jamais imaginada. Será?
Aqui, bem pertinho, na cidade de Sarandi, no Noroeste do Estado, temos um caso que é famoso no mundo. O caso de Artur Berlet, que teria encontrado com um objeto circular voador de 30m de diâmetro tripulado e contou na época (1958) ter passado 11 dias no planeta e se comunicado em alemão com um extraterrestre chamado Acroc. Ao voltar para a Terra, Berlet relatou sua estadia no plante Acart em 422 páginas escritas a mão. O caso ganhou notoriedade pela descrição de construções e tecnologias que à época eram improváveis e hoje são comuns, como uma espécie de vídeo conferência presenciada por Artur. Hernán Mostajo possui no Museu de Ufologia os cadernos em que Berlet descreveu sua suposta viagem para outro planeta. “Aqui a gente preserva esse acervo. Mostramos para as pessoas essa evidências, mas não damos como fato comprovado”, afirma Mostajo.
Ciência não voa em naves redondas
A Revista Superinteressante publicou em maio uma matéria que levanta alguns motivos pelos quais a ciência rejeita a existência de discos voadores na Terra. Em termos de possibilidades da existência de um planeta que tenha uma civilização com inteligência suficientemente parecida ou mais avançada que a nossa, não há como ter certeza. Não se pode negar e nem afirmar. Um argumento é de que pelo que se sabe hoje, e com base na Teoria da Relatividade, os 100 mil planetas possíveis na Via Láctea (apenas) ficam a uma distância média de 1,mil anos-luz da Terra. Isso daria 1700 anos viajando na velocidade da luz. Mais rápido do que isso, não é possível pela teoria da Relatividade, de Albert Einstein. Então, aquelas cenas de Star Wars em que as naves atingem a velocidade da luz e passeiam pelas galáxias em segundos, não é possível segundo a nossa ciência. Seria possível pelo teletransporte dos filmes de ficção científica, mas nossos cientistas ainda engatinham em querer transportar nano partículas, imaginem teletransportar uma nave! Até mesmo um sinal de rádio levaria 3400 anos para ir e voltar de um planeta desses.
Outro argumento e sobre a inteligência dos animais da Terra (estamos inclusos nessa). Nosso planeta já soprou 4,1 bilhões de velas, porém os seres humanos e pequenos processos de vida inteligente datam de 200 mil anos, e as civilização datam de 10 mil anos. “Mas, entre tantas espécies inteligentes, só uma julgou necessário construir rodas, canetas, iPhones e naves espaciais. Se é tão raro aqui, não é impossível que seja raro no Universo todo. Será que as condições que deram origem aos seres humanos não são muito peculiares, um acidente que não seria repetido facilmente em outro planeta?”, questiona Fábio Marton em seu artigo na Superinteressante.
O caso mais famoso
O caso mais famoso aconteceu nos Estados Unidos. Em 1947, a cidade de Roswell, no estado americano do Novo México, teria sido palco não só do sobrevoo de um disco voador, mas de sua queda e do resgate dos corpos dos extraterrestres vítimas do acidente. Somente 50 anos depois, em 1997, o governo americano liberou os documentos sobre o caso. E enterrou a lenda: o que caíra em Roswell eram os restos de uma série de balões interconectados do Projeto Mogul, ação ultrassecreta que utilizava aerostatos gigantes com detectores acústicos de baixa frequência para espionar possíveis explosões nucleares soviéticas. Os “corpos de alienígenas” resgatados eram bonecos de outro projeto, o High Dive, usados em estudos ligados ao desenvolvimento de cápsulas de escape para astronautas. Com paraquedas acoplados, os bonecos eram elevados em balões a milhares de metros de altitude e depois largados.
Discos voadores nas artes
A música brasileira tem algumas referências. Inclusive o cantor e compositor Zé Ramalho faz muitas referências ao espaço em suas músicas e é considerado o padrinho do Museu de Ufologia de Itaara. Raul Seixas pediu ajuda para o moço do disco voador, na música S.O.S. Um jovem exilado Caetano Veloso, pensava na vida e sentia saudade do Brasil enquanto procurava discos voadores no céu (“While my eyes go looking for flying saucers in the Sky”) da capital da Inglaterra, na música London, London.
Já o cinema se deleita com o tema desde 1951 com “O Dia em que a Terra Parou” (que também é nome de uma música de Raul Seixas, veja só!). Na semana passada foi lançada a continuação de Independence Day. Steven Spielberg encantou o mundo com seu E.T. nos anos 1980. Em 1993 o filme “Fogo no Céu” deixou muita gente em dúvida sobre os discos voadores. A lista é gigante e uma busca rápida na internet oferece centenas de filmes relativos ao gênero, de desenhos animados com extraterrestres bonitinhos aos malvadões no estilo Aliens e Predadores.
Se os discos voadores existem e trazem ETs para a Terra, a gente não sabe. Talvez nunca vai saber. Quem viu, diz que viu. Quem não viu…
De Varginha a Ibirubá
Na cidade de Varginha, Minas Gerais, há quem jure que viu um ser de fora da Terra. Há exatamente 20 anos começou a lenda do ET de Varginha, que, segundo testemunhas, é careca, tem olhos vermelhos e uma pele marrom oleosa. Uma descrição digna de um filme de ficção científica.
Hernán Mostajo, do Museu de Itaara, concorda com Ubirajara Rodrigues, um dos principais estudiosos do caso, que contesta os fatos divulgados em Varginha. “O nosso museu faz uma ufologia transparente e busca respostas para os mistérios do universo. Essa coisa do ET de Varginha foi criada por ufologistas sensacionalistas”, afirma. Mostajo exemplifica com o caso de Ibirubá, região Noroeste de Estado, onde um pedaço de uma sonda americana teria caído. “O som foi ouvido num raio de 5 km. Agora imagina um disco voador de 100 metros cair do espaço. Podemos ter inúmeras civilizações no universo afora, mas isso deve ser comprovado de forma adequada”, avalia. Ele acredita que se criou uma mística e ganho comercial em cima dessa história e considera o turismo bacana, mas quer confrontar um fato que é indiscutivelmente negável.