Oficiais chineses fecharam ao menos 48 igrejas e locais de reunião registrados no banco de dados estatal no condado de Yugan, na província de Jiangxi, entre 18 e 30 de abril deste ano. É a informação repassada pela revista Bitter Winter, em prol da liberdade religiosa e direitos humanos na China.
De acordo com a publicação, artigos religiosos foram usurpados pelo governo e substituídos por imagens do presidente Xi Jinping e do líder comunista Mao Tsé-Tung, que foi presidiu a China entre 1966 e 1976, durante o turbulento período conhecido como Revolução Cultural, em que houve fortes proibições à liberdade religiosa.
Perseguição
Mais de 10% da população do condado de Yugan, que gira por volta de 1 milhão, são cristãos, muitos deles de fé evangélica. Por lá, eles frequentam um número de mais ou menos 300 igrejas “oficiais”, isto é, aquelas permitidas pelo governo comunista. Contudo, apesar de aparentemente contarem com o aval estatal, essas igrejas perderam seus símbolos religiosos (principalmente cruzes) e tiveram seus cultos cancelados em abril.
É sabido que a religião evangélica sofre forte perseguição governamental na China. Por lá, os cristãos vivem com medo de terem suas cruzes tiradas pelo governo ou suas igrejas demolidas. Caso se tente protestar contra o governo, sofre-se uma acusação de estar lutando contra o Partido Comunista e o Comitê Central.
Na metade de abril, como noticiou a organização internacional cristã Barnabas Fund, na cidade de Yangbu oficiais do governo demoliram a cruz de uma igreja e anunciaram que o edifício será destinado a um centro de atividades para idosos. No distrito de Daxi, em Yugan, um secretário local do Partido Comunista Chinês afirmou a todos os cristãos que a demolição de cruzes e o fechamento de igrejas serão adotados como política pública estatal.
Sinização
A perseguição na China às igrejas faz parte do plano quinquenal de Xi Jinping anunciado em 2018, que tem como um de seus objetivos “reinterpretar” o Cristianismo de acordo com as visões seculares do socialismo. Faz parte do processo mais amplo de “sinização”, ou “chinização”, uma forma de recuperar valores chineses tradicionais na assimilação da cultura ocidental.