A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), por meio do seu secretário-geral, José Ángel Gurría, apontou para um catastrófico futuro para os latinos americanos. Segundo Gurría, a pandemia do Covid-19 e a crise econômica dela decorrente levarão milhões de pessoas à pobreza extrema.
Saúde x Economia
Segundo a OCDE, a crise enfrentada hoje pelo mundo deixa claro que os mecanismos de proteção social existentes são insuficientes. Além disso, ficou óbvio que economia e saúde não podem ser vistas como contraditórias.
Segundo Gurría, o falso dilema criado para contrapor as duas áreas é inócuo, havendo a necessidade de se criar um pacto envolvendo Estado, sociedade e mercado para enfrentar os impactos da pandemia. Nesse diapasão, a proteção social aos trabalhadores e àqueles mais vulneráveis ganha importância.
A América Latina é dos pobres
A OCDE prevê que enfrentaremos a maior crise de empregos desde 1929. As projeções indicam que mais 28 milhões de latino-americanos passarão a viver na pobreza, enquanto que outros 16 milhões serão atirados na área cinzenta da pobreza extrema. Os jovens tem sido os mais atingidos, sendo que 1 em cada 5 está desempregado.
Gurría afirma que a América Latina já vinha caminhando para a informalidade das relações de emprego e o desemprego já era visível antes da pandemia. Com o distanciamento social, entretanto, a situação piorou e os mais atingidos foram os mais pobres.
Reformas
A OCDE apontou para a necessidade da promoção de reformas para que os países cresçam de forma mais inclusiva. Mesmo com dificuldades, é necessário que os países voltem a investir, e de maneira diferente, pois o modelo atual foi o que gerou as desigualdades que existem e colocou os mais pobres na posição de vulnerabilidade que hoje ocupam.
Brasil e Argentina, por exemplo, já começaram a investir mais, e seus gastos estão próximos ao patamar de outros países da OCDE. Entretanto, outros países da região continuam com gasto baixo e, sem um direcionamento estatal, a pobreza e a extrema pobreza tende a se alastras, nas asas do desemprego.