A Polícia Federal organizou uma força-tarefa para investigar movimentações suspeitas no recebimento do auxílio emergencial do governo federal. Acredita-se que há fraudes no pagamento do benefício a servidores públicos e políticos em 44 municípios do interior de São Paulo.
Para avançar a investigação, os investigadores e membros da força-tarefa irão utilizar-se dos dados registrados no programa do auxílio e cruzá-los com os registros do poder público, de modo a apontar inconsistências.
Jales sob a mira
Estão sob escrutínio da PF prefeituras da Região de Governo de Jales, situada a cerca de 600 quilômetros da capital paulistana, a exemplo dos municípios de Aparecida d’Oeste, Dirce Reis, Jales, Mesópolis, Populina, Rubinéia, Santa Albertina e Urânia.
As prefeituras destas cidades deverão apresentar relatórios com informações de servidores públicos, tanto da ativa quanto aposentados, agentes políticos, ocupantes de cargos de confiança e funcionários temporários, além de seus cônjuges e filhos dependentes maiores de idade.
Constatando-se indícios de fraudes, os beneficiários irregulares serão intimados para prestar esclarecimentos e poderão até mesmo responder pelo crime de estelionato qualificado.
Prejuízo dos golpes
O jornal Estadão publicou em 26 de junho uma reportagem que estimou que, em fraudes nos saques e pagamentos do auxílio emergencial, a Caixa Econômica Federal amargou um prejuízo de mais de 60 milhões de reais.
Os golpes são atribuídos a brechas na poupança digital e no aplicativo Caixa Tem, utilizado para distribuir a renda emergencial.
São falhas que permitem que criminosos cibernéticos acessem as contas dos legítimos beneficiários e se utilizem dos valores recebidos pelo governo. Pela atual métrica do benefício, o dinheiro desfalcado poderia ser usado para distribuir o benefício a mais 100 mil brasileiros.
A Controladoria-Geral da União (CGU) está trabalhando para identificar fraudes no recebimento do auxílio. De acordo com o órgão, há indícios de mais de 160 mil fraudes no pagamento do benefício.
A CGU ressaltou que, entre os possíveis fraudadores, constam proprietários de veículos avaliados em valor superior a 60 mil reais e custosas embarcações.
A PF pretende estender a investigação a outras áreas do interior de São Paulo, abrindo uma nova fase da força-tarefa, ante o grande número de suspeitas de fraude por servidores públicos federais e estaduais, além de empresários, autônomos e profissionais liberais na região.