Motoristas retidos em função da interrupção do trânsito, buracos demarcados com tinta branca, manifestantes cobrando ações efetivas e imediatas do governo estadual de melhoria na RS 287 e RS 149. Esse foi o cenário do protesto realizado ontem pela manhã junto ao trevo de acesso para Restinga Seca. A manifestação reuniu dezenas de pessoas de municípios da região que estão indignadas com as más condições de trafegabilidade das duas vias.
O ato iniciou por volta das 9h, quando também foi interrompido o trânsito nos dois sentidos da RS 287. Caminhões, carros e ônibus ficaram sem poder se deslocar em direção a Porto Alegre ou se dirigir rumo a Santa Maria. Os manifestantes se concentraram na rótula de entrada para Restinga Seca, cidade da qual provinha a maioria dos participantes da atividade. Foi a população restinguense, afetada diretamente pela condição de precariedade das duas rodovias, que idealizou a mobilização regional. A iniciativa teve o apoio de pessoas e entidades de outras cidades, como Santa Maria e Formigueiro. Uma comitiva santa-mariense alugou um ônibus para participar do ato.
Integrantes de Associações Comerciais e Industriais, Câmaras de Dirigentes Lojistas, entidades empresariais e de serviços se uniram aos usuários da RS 287 e 149 para denunciar a grande quantidade de buracos na pista e a inoperância do governo em resolver o problema. “A gente paga os impostos e não tem retorno, nem o mínimo é feito. O Estado sequer conserva as rodovias em boas condições. Esse protesto não é um ato político, mas sim a manifestação do povo. A união do povo é a nossa última esperança”, ressaltou o caminhoneiro restiguense Luiz Carlos Venturini.
O prefeito de Restinga Seca, Tarciso Bolsan, disse que em diversas reuniões com representantes do Departamento Estadual de Estradas de Rodagem (Daer) pleiteou o recapeamento de ambas as rodovias. Ele informou que talvez a pressão feita agora sobre o governo estadual tenha resultado mais rápido e efetivo. Bolzan afirmou que em recente encontro com o secretário estadual de Infra-Estrutura recebeu a informação que a administração de Yeda Crusius deverá autorizar em breve ações emergencias em algumas rodovias, entre elas a 287 e 149. “Esse trabalho emergencial não irá iniciar antes de uns 30, 60 dias. Até lá, o Daer tem que fazer pelo menos um tapa-buracos com asfalto a quente que é mais durável. Precisamos de boas estradas para escoar a safra e a produção do município. É lamentável ter que chegar ao ponto de interromper o trânsito para tentar garantir a recuperação imediata das rodovias” , comentou.
Tarciso Bolzan disse ainda que nessa reunião com o secretário estadual foi manifestada a intenção de se instalar um pedágio no trajeto entre a entrada para Restinga Seca e o município de Santa Maria. “A população é contra o pedágio. Eu, pessoalmente, seria favorável à proposta, somente se o valor cobrado fosse baixo, uns três reais, por exemplo”, observou.
Estudantes participaram da manifestação
Entre os participantes da manifestação em favor da recuperação da RS 287 e RS 149 estavam cerca de 80 alunos da Escola de Ensino Fundamental Sete de Setembro, da localidade de Vila Rosa, interior de Restinga Seca. “Eles vieram representar os pais que por estarem trabalhando não puderam comparecer. É importante que os nossos estudantes estejam presentes porque essa é uma luta de toda comunidade”, destacou o diretor João Carlos Trindade.
Denunciar a situação caótica das duas rodovias e cobrar medidas urgentes foi o que levou alguns membros da família Cantarelli a deixar seus afazeres na manhã de ontem e irem até o local do protesto. “Utilizamos sempre essas estradas, para ir a Santa Maria e vir de lá. É muito buraco, o que causa um desgaste muito grande no carro, pois danifica pneu, aro”, afirmou Tiago Cantarelli. “É preciso exigir providência, só ficar de braços cruzados não irá resolver a situação”, comentou a mãe do rapaz, a comerciante Normélia Cantarelli.
Motoristas divergem quanto ao ato
Diversos motoristas acabaram prejudicados devido a interrupção do tráfego na RS 287, que durou mais de uma hora. Alguns não se importaram e se solidarizaram com os manifestantes por acharem que lutavam por uma causa justa.
“Acho que tem de fazer isso mesmo. Esse trecho da RS 287 é um dos piores das rodovias do Estado. Em outros locais a gente quando passa vê pelo menos algum tipo de recuperação sendo feita, um tapa-buracos, aqui nem isso acontece. A situação atual dessa estrada é uma vergonha, por isso apoio o protesto”, salientou o divulgador de Porto Alegre, João Batista Correia.
Por outro lado, houve quem deixou claro o seu descontentamento com o bloqueio dos veículos gerado pela manifestação. “Como fica o meu direito de ir e vir? Tinha um compromisso importante hoje em Porto Alegre, uma consulta médica, que provavelmente irei perder. O que mais me indigna é que ninguém toma providência para desbloquear o trânsito”, ressaltou Vania Ferreira.
“Tem de fazer isso mesmo. Esse trecho da RS 287 é um dos piores das rodovias do Estado.”
João Batista Correia, divulgador em Porto Alegre.